Superação à pandemia e preconceito a nordestinos evidenciam 31° aniversário de espaço cultural em SP
Presidente relata episódios de xenofobia e enaltece enfrentamento à pandemia; espaço está em clima de festa e comemoração em prol de um aguardado aniversário
O Centro de Tradições Nordestinas (CTN) comemora no dia 1° de maio, Dia do Trabalhador, seu 31° aniversário, com o tema “30 +1”, que enaltece as três décadas de existência, mais um ano de superação em razão da pandemia de Covid-19. A história do CTN também traz lembranças quanto às lutas travadas pelo espaço contra o preconceito e a xenofobia.
O CTN foi criado em 1991 pelo empresário e radiodifusor José de Abreu, que, ao seu lado, contou com o apoio e o suporte de sua esposa, Cristina Abreu. Hoje, a presidência da casa está sob o comando de sua filha mais nova, Christiane Abreu, de 34 anos, que marcou a gestão do local após enfrentar uma terrível pandemia e, durante um árduo trabalho de anos, elevou o CTN a um novo patamar no mercado gastronômico e cultural.
O Centro de Tradições Nordestinas tem, em seu DNA, muito mais além de cultura e gastronomia. Em seus pilares, firmados desde sua abertura, estão a fé, a música e os trabalhos sociais que já auxiliaram milhares de famílias e crianças.
Xenofobia
“O CTN foi criado na cidade de São Paulo em um momento onde o preconceito contra a comunidade nordestina era muito forte”, explica Christiane Abreu. “Começamos a romper um pouco esse preconceito com a Rádio Atual, que foi a primeira rádio a tocar os ritmos do Nordeste na capital paulista”, disse a administradora, que também elenca os principais obstáculos já enfrentados. “O principal desafio foi, primeiro, impor esse momento de ruptura, quando ninguém dava espaço para os ritmos do Nordeste e a Rádio Atual deu esse passo. O segundo desafio foi trabalhar essa questão do orgulho de ser nordestino”, contou.
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Christiane Abreu fez história no CTN ao enfrentar pandemia e preconceitos sociais. Foto: Divulgação
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Infelizmente, o preconceito não parte somente de pessoas comuns da sociedade civil. Empresas, entidades, associações e veículos de imprensa também mostram, nas entrelinhas do silêncio, ignorarem a importância do CTN para a cidade. “O preconceito não vem só de pessoas. Todas as empresas -- com ou sem fins lucrativos -- são formadas por pessoas. Elas julgam tudo que elas não conhecem. Então, a melhor maneira de combater o preconceito, na minha visão, é pela educação e pelo conhecimento”, afirmou. “Quando as pessoas vêm ao CTN e conhecem o espaço e o funcionamento, elas se encantam tanto pela comida quanto pela cultura nordestina, que é riquíssima e veio para São Paulo a fim de enriquecer ainda mais a capital e a sua cultura tão plural.”
Para driblar o preconceito, Chistiane fala sobre as armas utilizadas nesse embate. “Temos três importantes frentes para essa luta: a educação, o conhecimento e a lei. Então, no primeiro momento, você tem a lei para as pessoas começarem a entender que determinadas ações são muito sérias e que precisamos alertar sobre o fato de que preconceito não é ‘manifestação de opinião’. A educação trabalha a ideia de que pessoas são diferentes e que elas não são nem melhores nem piores que as outras. A questão do conhecimento faz com que as pessoas conheçam algo antes de julgar”, explicou. Por fim, a administradora elenca sua principal ferramenta de enfretamento à xenofobia. “A principal arma que o CTN tem é o nosso espaço, onde todos podem vivenciar o Nordeste na cidade de São Paulo”, disse.
Dentre o ataque mais lamentável vivido pelo CTN está, durante o início de sua história, pichações realizadas por skinheads nos muros do espaço com a frase “morte aos nordestinos”. Após o triste episódio, que gerou muitas reportagens na imprensa, José de Abreu articulou junto a outros políticos pela criação da primeira Delegacia Contra Crimes Raciais.
Covid-19: um ano de superação
Em razão da pandemia de Covid-19, junto a outros estabelecimentos de todo o país, o CTN manteve as portas fechadas e cumpriu rigorosamente as regras do governo e das principais entidades da área. Com boa gestão e esperança, a casa conseguiu sobreviver aos desafios impostos durante o difícil período.
“Mantivemos o time engajado, mesmo que não soubéssemos o tempo que demoraria para a pandemia acabar. Precisávamos ter isso em mente para mantermos a chama da esperança acesa. Em seguida, buscamos novas fontes de receita. Fizemos o Cine Drive-In, Drive Thru Junino, Drive-In temáticos e outros. Buscamos novas fontes de receita e, com esses novos projetos, conseguimos nos manter em evidência em todos os espaços”, contou Christiane. “Agora, graças a Deus, passamos por tudo isso e poderemos comemorar o nosso aniversário com todo orgulho”, festeja a filha de José e Cristina Abreu.
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Gestão apostou em novos eventos, como Cine Drive-In e Drive Thru. Foto: Divulgação
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Festa ao som das Coleguinhas
Para comemorar o aniversário do CTN, a casa receberá um grande show na noite de sábado, dia 30 de abril. Quem subirá ao palco é a dupla Simone e Simaria, que já fez história no espaço durante suas apresentações.
Na abertura do show, quem sobe ao palco e inicia o grande momento do “parabéns para você” é a alagoana Fernanda Guimarães. A cantora trará músicas que marcaram a história do Centro de Tradições Nordestinas.
No domingo, 1° de maio, as comemorações começam às 12h, com a missa realizada na Capela Imaculada Conceição, localizada no estacionamento do CTN. Após o fim da cerimônia religiosa haverá um bolo de 31 anos metros que celebrará o aniversário e será repartido entre a comunidade e fiéis que vierem à missa.
No mesmo dia, diversos artistas cantam e encantam no Domingo Arretado, a partir das 13h. A atração principal será a dupla Caju e Castanha, que cresceram no universo artístico junto aos passos do centro mais apimentado da capital.
Gastronomia e história
O tempero mais arretado de São Paulo está no CTN. Prova disso são os restaurantes que fizeram história no espaço. Muitos deles, inclusive, estão na casa desde a sua fundação.
O baião de dois é o prato que mais faz sucesso entre os clientes assíduos, porém, há muitas outras opções, do cuscuz ao dadinho de tapioca, além das clássicas porções, como a de carne de sol com mandioca.
O CTN é -- e sempre será -- resistência gastronômica e cultural do povo nordestino. Seu espaço é de acolhimento, lembrança e saudosismo. VIVA O CTN!
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Escondidinho de carne seca é um dos grandes sucessos do CTN. Foto: Divulgação
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SERVIÇO
Show de Aniversário do CTN, com Simone e Simaria
Quando: 30 de abril, sábado, a partir das 20h
Quanto: a partir de R$80. Ingressos à venda no site da Ticket 360 e na bilheteria do CTN
Domingo de Festa e Aniversário do CTN - Missa de Celebração aos 31 anos do CTN + Bolo de 31 metros + Shows de Caju e Castanha e demais convidados
Quando: 1° de maio, domingo, a partir das 12h
Quanto: entrada gratuita
Onde: Rua Jacofer, 615 -- Limão, São Paulo (SP)
Estacionamento: 400 vagas, sujeito à lotação, valores podem ser consultados junto à @gcparkestacionamento
Matéria enviada.
RICARDO MARUJO (BAND FM, JORNAL1 E TV GUARULHOS)